Hóquei Clube de Turquel: Bodas de Prata

 

Um grupo de rapazes dinâmicos, progressistas e cheios de vontade de vencer, foram, pioneiros do maior empreendimento desportivo e recreativo jamais conseguido em Turquel. Já assistimos às comemorações dos 25 anos de resultados da carolice desses rapazes Turquelenses. Esta é a sua história:

 

Viviam-se os anos de ouro do Hóquei em Patins Nacional. Meados dos anos 50. Em Turquel, como de resto em todo o país, ainda se vivia a austeridade dos anos do pós-guerra. Na casa do Sr. António Alves Ribeiro, já falecido, existia um dos poucos rádios da região. Tal facto, contribuiu em muito para que o gosto pelo hóquei em patins agitasse os espíritos dum grupo de rapazes que ali se reunia para ouvir os relatos dos jogos internacionais, todos os anos pela Páscoa, realizados em Moutreux, na Suíça, com a participação da Selecção Nacional de Hóquei em Patins.

 

O Sr. Luís Ribeiro e o Sr. Martinho Ribeiro

 

Em Conversa realizada num café de Turquel ouvimos dois dos rapazes que tomaram a dianteira para a formação do H.C.T.. Hoje homens na casa dos 40 anos, naquele tempo rodando os 15 anos. São eles o Sr. Leis Ribeiro e o Sr. Martinho Ribeiro.

Segundo as suas palavras a ideia de formar o H.C.T surgiu no momento em que o então Clube de futebol local, passava por sérias dificuldades. Os maus resultados eram desmotivadores. Influenciados pela boas saúde do hóquei nacional, do qual tomavam conhecimento através da rádio, aproveitando a vantagem de no hóquei em patins formar uma equipa com um número reduzido de jogadores, deram os primeiros passos no lugar de Pinheiros, com stick's feitos de loureiros e bolas de trapos, tudo construído por eles. Mais tarde, no actual Centro Paroquial de Turquel, onde então havia um pátio de cimento ao ar livre, ensaiaram as primeiras quedas em patins.

Conta o Sr. Martins Ribeiro, que o seu primeiro par de patins foi adquirido num ferro-velho, em Alcobaça, pela quantia de 15$00, “ainda por cima eram diferentes”.

Após as peripécias iniciais, um desejo: formar uma equipa de Hóquei em Patins para competir com outras equipas nacionais.

O Sr. Luís Ribeiro, referindo-se aos seus sonhos, na época, sobre o clube embrião, afirmou-se mesmo que a sua ambição “ era levar o clube às mais altas competições nacionais e estrangeiras”. Por estas palavras facilmente se depreende o quanto trabalhou a mente daqueles rapazes aos serões junto ao rádio, ouvindo os relatos dos jogos do torneio de Montreux, na Suíça. Não lhes eram estranhos, também, os sentimentos de nacionalismo e bairrismo.

No principio da década de 60 a concretização do sonho começa a vislumbrar-se: o Dr. Joaquim Guerra entusiasmou-se com a vontade  daqueles jovens e decide apoiá-los. Os seus filhos Manuel e António iniciam-se na arte de patinar.

O Sr. Martinho relatou um caso. Disse-nos ele: “Um dia, quando vinha de bicicleta da Benedita, encontro o Silvestre Vicente, e este conta-me que iam iniciar-se as obras de construção do ringue”. Ficou surpreso. Mas sabia que algo estava a mudar.

No “Turquelense”, o jornal local na altura, de Setembro-Outubro de 1962, faz-se menção da inauguração do dito ringue: ”No dia 26 de Agosto. Inaugurou-se em Turquel um campo de hóquei.

Este deve-se ao Sr. Dr. Guerra

Neste dia realizaram-se dois jogos: um dos juniores e outro de seniores:

O grupo de juniores de Turquel enfrentou um grupo que na ocasião se encontrava na Quinta da Granja em colónia de férias: Turquel ganhou por 1-0.

O grupo de seniores jogou com o grupo de Alcobaça tendo perdido Turquel por 7-2. Os dois golos forma obtidos  pelos irmão Guerra.

Porém, antes da construção do ringue, a equipa de hóquei já funcionava, embora não oficialmente.

Em 1961, não podemos precisar o dia e o mês, jogaram com o ginásio em Alcobaça, perdendo por 7-1. Faziam parte da equipa o Luís Roxo, (guarda-redes), Luís Ribeiro, Martinho Ribeiro, Adelino Roxo, Viriato Oliveira e José Mateus. Só tinham um suplente.

Apesar da derrota disseram-nos estarem contentes porque tinham conseguido marcar um golo a uma equipa que usufria de algumas condições para praticar hóquei. Enquanto estes, jogadores de Turquel, jogaram com sticks de infantis, patins de segunda mão e de recreio, e os restantes materiais construídos por eles.

Os jogadores do Turquel nunca tinham assistido a um jogo oficial. Nos primeiros jogos só a imaginação lhes valia, e sabiam as regras porque tinham comprado um "livrinho" da Federação Nacional da Patinagem. Os fundos para estas coisas eram conseguidos, aos domingos, à saida da missa “vendendo bolos às cartas.

A afluência do público era quase nula, em nada compara à assistência actual, só havia apoio das famílias dos jogadores. E quando aos transportes para jogos fora conseguiam-se graças ao pai do jogador Sr. Luís Ribeiro, o Zé Mateus e o Fernando Machado.

Construído o ringue restava a constituição legar do clube. Demorando bastante tempo o processo. Quando foi necessário os documentos para a constituição do clube, o Sr. Luís Ribeiro contava 20anos, e para  assinar tinha de ter 21, é então que tem de abdicar da sua situação de sócio número 1, em favor do Dr. Joaquim Guerra, passa para sócio número 2, número que possui actualmente. Só em 25 de Junho de 64 o clube é constituído oficialmente.

Os primeiros dirigentes: presidente o Dr. Joaquim Guerra, secretário o Sr. Luís Ribeiro e o tesoureiro o Sr. Martinho Ribeiro.

 

O Símbolo

 

A explicação do símbolo pelo Sr. Luís Ribeiro:

"A ideia original foi minha, o desenho do José Mateus. Um dos clubes que me inspirou foi o H.C.S ( Hóquei Clube de Sintra) e H.C.M. ( Hóquei clube de Montreux). O emblema tem na extremidade inferior um bico que lhe dá a firmeza para o fixar à terra, tem depois o contorno lateral, como que construído em aço flexível, que nos dá a ideia de impulso de elevação vertical. Tem mais dois bicos laterais e um na extermidade superior que significam não poder ser atacado pelos flancos nem por cima. Ao mesmo tempo mantêm a elasticidade e flexibilidade, sempre no sentido da elevação do nome do clube e da nossa terra."

A farda

 

As cores da farda são baseadas no equipamento dos árbitros do jogo Benfica-Totenam em futebol realizado em 62, ano em que o Benfica se consagrou Campeão Europeu. Jogo a que alguns dos rapazes fundadores assistiram.